O papel importante da flora intestinal na manutenção da homeostase fisiológica do organismo está bem definido e vem sendo cada vez mais estudado.
Nos últimos anos, esses estudos foram estendidos para problemas psico-emocionais, com conhecimentos vindos do desenvolvimento de pesquisas do que é o eixo cérebro-flora intestinal. A relação da depressão e outros estados emocionais com alterações na microbiota acumulam hoje muitas publicações na literatura médica.
Com relação ao autismo as pesquisas clássicas investigam causas genéticas e de fatores ambientais (principalmente os ligados aos alimentos). Crianças autistas mostram deficiências de certos aminoácidos como Triptofano e Tirosina, precursores de neurotransmissores. Em decorrências dessas observações novas investigações foram feitas mostrando a relação entre o autismo e desordens do humor com a microbiota intestinal.
De forma simplificada a explicação para essa interação passa pela chamada disbiose. Essa significa uma flora intestinal alterada, o que é causa de aumento da permeabilidade da parede intestinal. Isso permiti que potentes endotoxinas pró inflamatórias atravessem a parede do intestino e atinja a circulação e daí o SNC. No SNC essas moléculas têm papel importante no rompimento modulação inflamatória, aumentando a atividade pró inflamatória nas áreas do controle do psicoafetivo. Essas alterações modificam a síntese de neuropeptídios, modificando as respostas de áreas do SNC. No autismo existe um disbalanço na flora intestinal entre bacteroidetes e firmicutes, dois grupos de bactérias, fato evidenciado em vários trabalhos. *(veja tabela abaixo). Essa poderia ser em parte uma explicação das alterações do SNC relacionadas ao autismo. É referido na literatura que a recomposição para uma flora normal é acompanhada de melhora em transtornos do humor e na evolução do autismo com clara melhora cognitiva. Essas observações são iniciais, mas são muito auspiciosas.
Referências:
Finegold, S. M., State of the art; microbiology in health and disease. Instetinal bacterial flora in autism; Anaerobe, Elsevier Ltd, p. 367-368, 2011.
Gadia, C. A.; Tuchman, R; Rotta, N. T., Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento; Jornal de Pediatria, v.80, n.2, 2004.