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Sono e Insônia na criança

A valorização do distúrbio do sono na criança deve ocupar um espaço sistemático na consulta pediátrica. O reconhecimento da presença desses distúrbios é fundamental para que se faça uma abordagem adequada. O familiar em menos da metade dos casos, identificam e relatam essa situação na consulta, portanto é importante o pediatra fazer um questionamento ativo para buscar a informação.

Insônia é definida como a dificuldade de iniciar ou manter o sono com características diferentes conforme a idade. Na infância, mais do que redução no tempo total de sono observa-se que a necessidade de sono da criança não corresponde ao idealizado pela família.

A literatura médica pediátrica sobre o assunto é pequena, mas nas informações existentes conforme diferentes trabalhos temos de 3 a 41% de relatos de distúrbio do sono na infância. Esses distúrbios do sono quando não adequadamente manejadas na infância podem gerar problemas comportamentais e emocionais na idade-escolar e na adolescência.

Estudos mostram que na faixa escolar pode-se esperar distúrbios do sono, na forma de dificuldade em iniciar ou manter o sono e sonolência excessiva diurna, em 10,8% das crianças.

Portanto, fiquem atentos ao sono de seus filhos e pacientes. Trata-se de um problema pouco discutido e com muita repercussão ao longo da vida.

A Higiene do Sono

Para evitar o desenvolvimento de distúrbios do sono o elemento fundamental a ser considerado é a chamada Higiene do Sono. Significa o estabelecimento e manutenção de condições adequadas a um sono saudável e efetivo.

As orientações para essa Higiene do Sono devem ser feitas pelo pediatra para os pais desde o início da vida e colocadas como parte importante do trabalho de puericultura. Uma Higiene de Sono adequada está assentada em três fundamentos:

  • Cuidados com o ambiente: o ambiente de sono deve ser calmo, escuro ou com muito pouca luminosidade, silencioso e com temperatura adequada (23 a 24º);
  • Horário de dormir e acordar: devem ser consistentes e regulares; os horários das sestas diurnas mantidas com regularidade; a rotina antes de dormir deve ser absolutamente consistente (horário do banho, escovar dentes, jantar, colocar pijamas, ir ao banheiro, músicas calmas e histórias suaves). Devem ser evitadas atividades físicas vigorosas e ver TV antes de colocar para dormir. O horário deve ser mantido evitando antecipá-lo por razão menor. O acordar deve ter horário também consistente e mantido;
  • É essencial a manutenção de rotinas e o estabelecimento de limites para ajudar a criança a sincronizar seu ritmo circadiano com o do ambiente familiar. Não romper a rotina por problemas pessoais e transitórios é essencial.

Assim consideradas e adequadas as condições de ambiente, os cuidadores devem evitar hábitos como estimulação para dormir (colo, ninar, balançar, etc) e gradativamente deixar a criança dormir no berço com a sua presença inicialmente e depois sem ela.

Outra conduta importante é gradativamente retirar a alimentação noturna. Com relação aos medos e inseguranças, procure identificar e removê-los e se necessário buscar ajuda de profissional específico. Os pais por vezes não percebem o que desencadeou o medo e a insegurança de forma clara, investigue mudanças de ambiente, de cuidadores, de sequência das rotinas, de exposição à momentos de stress e outros.

 

Fonte: Dr Evandro Roberto Baldacci (Livre Docente USP)


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